segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Fertilização In-Vitro


A fertilização in-vitro (FIV) é um procedimento utilizado para tratamento de diversas causas de infertilidade. Geralmente realiza-se uma estimulação ovariana com medicamentos injetáveis. Existem diversos protocolos de estímulo ovariano, cada um com indicação precisa para as diversas causas de infertilidade. Após o estímulo ovariano, os óvulos são captados através da punção guiada por ultrassom transvaginal e fertilizados por espermatozóides em ambiente laboratórial. Após 3 a 5 dias da fertilização,  o(s) embrião(ões) é(são) transferido(s) para dentro do útero. Um ciclo de fertilização in-vitro leva cerca de duas semanas.

O procedimento pode ser feito utilizando óvulos e espermatozoides próprios, óvulos de doadora, espermatozóides de doadores ou embriões doados.


É o procedimento com maior complexidade e maior índice de sucesso dentre as técnicas de reprodução assistida.


As complicações mais comuns do tratamento são a síndrome do hiperestímulo ovariano e a gravidez múltipla.



ESTIMULAÇÃO OVARIANA


Da mesma forma que na inseminação intra-uterina , é administrado o hormônio FSH para crescimento dos folículos do ovário. Porém, na fertilização, as doses de hormônios  são maiores visando o recrutamento de um número maior de óvulos. Durante a estimulação controlada dos ovários é realizado acompanhamento quase diariamente do crescimento foliculares. Quando o folículo atinge tamanho adequado, administra-se o hCG para amadurecer os óvulos e induzir a ovulação.  O processo de estímulo ovariano dura de 9 a 12 dias, em média.



CAPTAÇÃO DOS ÓVULOS


Procedimento realizado para obtenção dos óvulos existentes dentro dos folículos dos ovários. Sempre deve ser agendado entre 34 – 36 horas após a injeção de hCG. Inicialmente realiza-se anestesia geral (sedação) e administra-se remédio para alívio da dor. O procedimento ocorre por meio de punção ovariana com agulha guiada por ultrassom transvaginal. Conectado a um sistema de sucção, o líquido proveniente dos folículos é coletado em diversos tubos de ensaio (que aguardam em banho-maria) e é entregue a equipe de embriologistas para análise. Múltiplos óvulos podem ser coletados em cerca de 30 minutos. Após, os óvulos são colocados em um líquido nutritivo (meio de cultura) e mantidos em estufa até o momento adequado para realização da fertilização in-vitro.




TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕES

A transferência de embriões é feita entre três a cinco dias após a fertilização in-vitro. Geralmente o procedimento não necessita de anestesia, pois o desconforto causado é semelhante à coleta do exame de Papanicolau. Não é necessário vir em jejum. Como o procedimento é guiado por ultrassom, a bexiga deve estar cheia.


O médico irá posicionar um tubo fino e flexível (cateter) dentro do útero, através do orifício externo do colo do uterino. Uma seringa contendo um ou mais embriões em suspensão no fluido estará ligado à extremidade do cateter, e o fluido é empurrado através do tubo para dentro do útero.


Após a transferência, aconselhamos repouso relativo por 2 dias. Não se deve realizar exercícios físicos, carregar pesos, subir ou descer escadas. Evitar relações sexuais. O uso dos medicamentos receitados para suporte da gravidez deve continuar até segunda orientação. O exame de gravidez deve ser realizado 9 a 12 dias após o procedimento.



CULTURA DE BLASTOCISTOS


Após a fertilização do óvulo pelo espermatozóide,  o embrião gerado divide-se rapidamente, aumentando seu número de células. À medida que o número de células aumenta, ficam menores e o embrião torna-se mais compactado. No terceiro dia após a fertilização, um embrião com bom desenvolvimento tem 8 células. No quarto dia, o embrião se compacta ainda mais e chega a ter  32 células e é chamado de mórula.  A partir desse estágio, forma-se uma cavidade contendo um líquido  e no quinto dia de desenvolvimento, o embrião encontra-se  em estágio de blastocisto.


As transferências de embriões podem ocorrer desde o 2º até o 6º dia após a fertilização.  Recentes avanços na medicina reprodutiva possibilitaram manter os embriões em cultura para alcançarem o estágio de blastocisto. Os embriões em estágio de blastocisto apresentam maior potencial de implantação no útero e portanto, maiores taxas de gravidez.  Desse modo, há uma seleção natural dos melhores embriões para transferência em estágio de blastocisto, possibiltando transferir menor número de embriões e menor risco de gravidez múltipla ( gêmeos, trigêmeos, etc).


Nos casos em que a transferência de embriões ocorre no 2º ou 3º dia do desenvolvimento muitas vezes reflete o receio por parte da equipe médica e também dos pacientes de não obter  embriões em estágio de blastocisto para a transferência. Por outro lado, embriões que pararam seu desenvolvimento podem denotar algumas anormalidades, com altas taxas de fragmentação. Já  os embriões em estágio de blastocisto são considerados bons embriões pois já passaram pelo processo de seleção.


No processo natural de gestação, o embrião se implanta no endométrio (cavidade interna do útero) em estágio de blastocisto. Assim, transferir um embrião nesse estágio é mais fisiológico e a chance de implantação  e gestação é maior. É a chamada “janela de implantação ideal”, quando os níveis de progesterona estão mais adequados e o endométrio se encontra mais receptivo ao embrião.


A porcentagem de embriões que chegam a blastocisto também denota a qualidade do laboratório de reprodução humana, pois manter os embriões em cultura para desenvolvimento até o estágio de blastocisto demanda alta capacidade técnica dos embriologistas e excelentes condições do laboratório para o êxito.


A transferência no estágio de blastocisto seria ideal para todas as pacientes. Porém, nem todas apresentam embriões suficientes para chegar nesse estágio, sendo então transferidos no 3º dia após a fertilização. Desse modo,  a transferência de blastocisto geralmente é realizada em mulheres jovens, com bom número de embriões e naquelas com falhas de implantação anteriores.



COMPLICAÇÕES DA FIV


As complicações mais comuns do tratamento são:


Síndrome de hiperestimulação ovariana: O uso de medicamentos injetáveis no tratamento de reprodução assistida, como a gonadotrofina coriônica humana (hCG) para induzir a ovulação, pode causar a síndrome da hiperestimulação ovariana. Sinais e sintomas incluem dor abdominal leve, inchaço, náuseas, vômitos e diarréia e geralmente duram uma semana. Em casos de gravidez, no entanto, os sintomas podem durar várias semanas pois a gestação mantém os níveis de hCG elevados. Raramente, é possível desenvolver uma forma mais grave da síndrome de hiperestimulação ovariana, que pode causar ganho de peso rápido e falta de ar e necessidade de cuidados intensivos.





Gestações múltiplas: A fertilização in-vitro aumenta o risco de gestações múltiplas se mais de um embrião é transferido para o útero. Gestações múltiplas apresentam um risco maior de parto prematuro e baixo peso ao nascer quando comparadas com gestações únicas.